O Orfãodrinho
Tudo começou com um churrasco lá em casa
Eu na barriga da minha mãe e o meu pai com os amigos
Depois de uma longa tarde regada a muita cerveja
O meu pai abraça um cara e fala com muito carinho
Te conheço há pouco tempo, mas sei que é gente fina
Vai nascer o meu menino e preciso de um padrinho
Para mim é uma honra que sejamos compadres
Então abre outra cerveja e brindamos até tarde
Depois de alguns anos o cara desapareceu
Não houve carta, telegrama, e nem sequer um adeusinho
São as coisas desta vida, agora sou o Orfãodrinho
Orfãodrinho, não conheço meu padrinho
São as coisas desta vida, escute bem o que eu te digo
E me chamam Orfãodrinho
Missionário na Tailândia, terrorista ou camponês
Vende carros na Albânia? O que será do meu padrinho?
Será gordo ou será magro, um zarolho ou chinês?
Se parece ao Marlon Brando, se parece com Al Pacino?
Só espero que algum dia, ele cruze o meu caminho
Nem sequer eu sei seu nome, que tristeza, que desgosto
Foi preso na Ucrânia, atropelado por uma Scania?
Foi a janta do Hanibal ou por um canibal comido?
São as coisas desta vida, agora sou o Orfãodrinho
Com o tempo eu aprendi que o assunto não importa
Não me acho um cara estranho, só não tenho um padrinho
Orfãodrinho, não conheço o meu padrinho
São as coisas desta vida, escute bem o que eu te digo
E me chamam Orfãodrinho