A Dúvida
Eu não sei se é do tempo
Se é do vento o meu lamento
Se é do ventre esta frieza
Respirei o ar das pedras
Das veredas e das serras
Fiz os trilhos da tristeza
Respirei o ar das pedras
Das veredas e das serras
Fiz os trilhos da tristeza
Eu não sei se é do medo
Que me acorda sempre cedo
E me cala da ambição
Se há de ser o meu enredo
Andar entre o arvoredo
E não ante a multidão
Se há de ser o meu enredo
Andar entre o arvoredo
E não ante a multidão
Eu não sei se é da água
Que de má se tornou mágoa
Se é do meu temperamento
Eu não queria ser feroz
Nem desaguar na foz
Tanto descontentamento
Eu não queria ser feroz
Nem desaguar na foz
Tanto descontentamento
Eu não sei se é do sangue
Se da minha carne exangue
Farei outra condição
Se é do berço, se é da sorte
Do terço que reza a morte
Ou de toda a solidão
Se é do berço, se é da sorte
Do terço que reza a morte
Ou de toda a solidão