Maria Da Cruz
Chamava-se ela Maria de sobrenome da Cruz
E na aldeia onde ela vivia, sorria
Vivia na paz de Jesus
Tinha um amor, a quem ela
Seu coração entregara
Junto ao altar da capela singela, onde ela
Paixão lhe jurara! Mas certo dia
Veio trazer-se na aldeia
Que o seu pastor lhe mentia
Que esse amor se extinguia
Como a luz de uma candeia!
Desiludida do seu amor, a Maria
Deixou o lar e, perdida
Saiu dali desvanecida
Foi pro cais da Mouraria!
Sofreu a dor d´amargura
Perdeu o viço e a cor e não voltou à ventura
À docura, à ternura do amor do pastor!
E hoje por cruz, a Maria
Que é da Cruz, por seu fadário
Arrasta na Mouraria a cruz da agonia
A cruz do Calvário! Ainda canta
Uma canção quase morta
Traz o pastor na garganta
Oiço já, quando ela canta
Ao passar à sua porta! Num certo dia
Em que ela, enfim, já vencida
Terminará a agonia
De ainda estar na Mouraria
Toda a cruz da sua vida!