Estância Abandonada
Na estância voltei de novo, depois de tantos janeiros
Cruzei o mesmo potreiro, entrei nos mesmos galpões
Bati de novo os tições e acendi um fogo de chão
Preparei meu chimarrão, me pedindo explicações
Fui pra borda do galpão quando eu me lembro me indago
Será este meu pago onde vivi minha infância
No peito sente um ânsia por não vê-la aqui a cuscada
E nem berrar a boiada nos campos longos da estância
No peito sente um ânsia por não vê-la aqui a cuscada
E nem berrar a boiada nos campos longos da estância
Secou o açude da frente, taipa de pedra empiada
Onde banhava a potrada depois da lida campeira
Vi só o toco da figueira que cantava o João barreiro
Porém não vi mais campeiro lidando lá na mangueira
Vi só o toco da figueira que cantava o João barreiro
Porém não vi mais campeiro lidando lá na mangueira
Vi que era o mesmo palanque puro cerno de pau-ferro
Que talvez guardasse o berro de algum crinudo de outrora
Que à grito mango e espora ficava bueno pra encilha
Pra escramuçar na coxilha deixar touro a campo fora
Que à grito mango e espora ficava manso pra encilha
Pra escramuçar na coxilha deixar touro a campo fora
E a mesma cerca de pedra, porém já meia caída
E numa sombra esquecida de cabeçaio quebrado
Somente o eixo rodado restou da velha carreta
E os ossos da égua preta que a seca tinha matado
Somente o eixo rodado restou da velha carreta
E os ossos da égua preta que a seca tinha matado