Um Gaiteiro a Moda Antiga
Eu venho à trote e à galope, companheiro
Vou ver uma china que veio lá do povoado
Vou dançar um xote pra gastar a sola da bota
Vou cortar fundo que nem gorpe' de machado
Gosto de farra, jogo de osso e de baralho
De ver o chinedo fungando ao redor de mim
Nos braços delas, sigo manso e amanheço
Que nem zorrilho, enfurniado' no cupim
Sou desconfiado, mesmo que matungo torto
Em baile de cobra, sem porrete eu não me meto
Chacoaio' as purga' e traco um pente nas gadeia'
Garro uma feia pra chacoaiar' o esqueleto
Gosto de farra, jogo de osso e de baralho
De ver o chinedo fungando ao redor de mim
Nos braços delas, sigo manso e amanheço
Que nem zorrilho, enfurniado' no cupim
O xirú grita: Vamo' forgar' o espinhaço
E o Zeca rouco troca o sebo do candieiro
Um porongo d'água pra tirar a poeira do chão
E um balde cheio de cachaça pro gaiteiro
Gosto de farra, jogo de osso e de baralho
De ver o chinedo fungando ao redor de mim
Nos braços delas, sigo manso e amanheço
Que nem zorrilho, enfurniado' no cupim
Tá tudo pronto, vamo' se atracar de novo
Que tem chinoca com cheiro de bofe azedo
Segunda-feira e o sol rachando de quente
E eu mandando lombo junto c'o rapariguedo
Gosto de farra, jogo de osso e de baralho
De ver o chinedo fungando ao redor de mim
Nos braços delas, sigo manso e amanheço
Que nem zorrilho, enfurniado' no cupim
O chão da sala, quase que vira num poço
E a terra solta, dava pra tirar de pá
Gaiteiro véio', quase vira num tijolo
Pra arrancar ele tivemo' que cavocar
Gosto de farra, jogo de osso e de baralho
De ver o chinedo fungando ao redor de mim
Nos braços delas, sigo manso e amanheço
Que nem zorrilho, enfurniado' no cupim
Se eu cair duro e enroscar a cola na cerca
Faço um pedido pro' meus amigo' de fé
Faço um pedido pro' meus amigo' de fé
Façam um buraco, tipo num poço de baile
Meio apertado, que eu possa ficar de pé
Tome cuidado e deixe a cabeça pra fora
Bem na minha frente, um retratinho de muié'
Bem na minha frente, um retratinho de muié'
Mas também, quem é que não gosta?
Não é meu amigo Tio Nanato
Um abraço do tamanho do Rio Grande, taura véio