Da Sibéria a Teresina

Beto Brito

Sou do frio da Sibéria
Do calor de Teresina
Nunca tive disciplina
Já nasci com a pilhéria
Misturei anti-matéria
Tomei chumbo derretido
Já cacei pro meu cozido
Borboleta de arpão
Do seu caldo fiz pirão
Nos dez-de-queixo-caído

Começou o resfulengo
No calor dessas paixões
Cortei vários corações
Arrasei, deixei capengo
Aprendi ser mulherengo
E assim tenho vivido
Hoje sou reconhecido
Nos lugares onde chego
Por beleza, por apego
Nos dez-de-queixo-caído

Pra domar minha loucura
Nem sermão de padre velho
Decorei o Evangelho
Sem medir minha ternura
Escrevi na partitura
Meu repente distorcido
Um maestro conhecido
Não tocou a minha flauta
Desclassifiquei a pauta
Nos dez-de-queixo-caído

Preparei meu aconchego
Pra o mundo enfrentar
Não sei onde fui morar
Sem bitola, sem arrego
Rebolei nesse chamego
Disso não fui excluído
O atraso foi banido
Estudei toda matéria
Tô fugindo da miséria
Nos dez-de-queixo-caído

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