Lenda Amazônica III
Existia, certa vez, um casal de índios tão apaixonados como nunca ouvera naquela região. Uiná, belo e corajoso guerreiro da tribo Taulipang e Acami, linda cunhã da tribo Macuxi. Acontece que as duas tribos eram inimigas, o que tornava o amor dos dois impossível. Mas mesmo assim, o casal nunca se separava. Dia após dia, Uiná e Acami passeavam pela mata, banhavam-se no rio e trocavam juras de amor eterno. Um dia, o romance dos dois foi descoberto e, temendo o pior, fugiram para não serem mortos por suas tribos. A fuga só aproximou ainda mais os apaixonados. Mas a felicidade do casal não iria durar muito. Acami ficou grávida mas, seu filho nasceu morto. Ficou tão fraca que não conseguia caminhar direito, até o dia em que não conseguia mexer as pernas. Uiná então, recolheu talos de palmeiras e gravetos e fez uma espécie de maca. Todos os dias amarrava Acami ao talo e a carregava em suas costas onde quer que fosse. Foi assim a vida do casal durante algum tempo. Certa vez, enquanto colhia frutas pelo campo, Uiná sentiu que o peso em suas costas estava um pouco maior. Para tristeza do jovem índio, Acami estava morta. Inconsolado, Uiná levou sua amada até a beira do igarapé onde os dois se conheceram, cavou uma cova funda o bastante e, sem esperanças de viver sem Acami, enterrou-se junto ao corpo da amada. Algumas luas se passaram até que, no lugar onde o vento das primaveras soprava, nasceu uma planta diferente de todas as outras da região. Era o tamba-tajá. Suas folhas eram duplas, em cima, a folha maior, representando Uiná e sob ela, uma folha menor, no formato de um órgão sexual feminino, representando Acami. O tamba-tajá até hoje é lembrado pelo amor de Uiná e Acami. Um amor tão forte que nem a morte conseguiu acabar.
* Acompanhe esta lenda na toada ¨Tamba-tajᨠdo boi bumbá Caprichoso.