Fronteira

Rogerio Villagran

"Fronteira!
De um pago ao outro
Templada pelos rumores
Dos flecos dos tiradores
E correrias de potros
Fronteira, chão de nosotros
Que hablamos de mundo e gente
Numa escaramuça insistente
De redomões e vigüelas
Firmando sueños e espuelas
No garrão do continente

Fronteira é bem mais fronteira
Onde a imensidão se alonga
No repicar das milongas
E assobios de boleadeiras
Fronteira é sempre fronteira
Viva no canto de um galo
Que sempre traz o regalo
De florear num garganteio
A inquietude dos anseios
De quem vive de à cavalo

Das barrancas do Uruguai
Aos obeliscos da linha
Uma irmandade caminha
E tempo adentro se vai
Porque a liberdade atrai
Os que peleiam por ela
E a fronteira é uma janela
Aberta sem venezianas
Que a todos os pueblos se ermana
A pátria verde e amarela

Fronteira!
Dos atropelos
Chimangos e maragatos
Abarbarado retrato
Do tempo em que era sinuelo
Fronteira do mesmo pêlo
Da mesma marca e sinal
Meu velho torrão bagual
Templado de anseios novos
Acolherando Três povos
Gaúcho, pampa e oriental

Fronteira e bem mais fronteira
Quando se arrasta um veiaco
E um fronteiro firma os taco
No balanço da soiteira
Fronteira é bem mais fronteira
Quando o presente e o passado
Trazem o futuro ajujado
Junto da machaça estampa
E um touro que afia a guampa
N'algum cupim do banhado."

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