Meu Peito É Um Caminhão Desgovernado

Igor Filus / Leandro Delmonico

Suas mãos agarram o volante
Na carreta a mais de cem, ele vai voar
Nem ao menos foi pra Nova York
Está prestes a bater
Diz a frase do caminhão pra lhe acalmar:
“Se a vida der as costas, passe a mão na bunda dela.”

Pois na raiva o bicho pega, então vou beber
Chumbo pra ficar em paz
E lembrar de umas letras do Raul
Quando jovem eu era tão sagaz
Hoje o rock anda frouxo demais

Ei, irmão, só eu sei
Quanta doideira eu fiz, tenho que te mostrar
Guardo em casa uma seleção
Com o que restou da minha coleção
Só esperar o relógio bater
Depois de trampar vamos espairecer
São discos de vinil, com as bandas mais legais
De quando o rock nacional passava na TV
Quieto aí que lá vem o patrão
Tô por um fio, não vou vacilar

– Mas que diabos os dois estão fazendo aí?
Eu não pago pra vocês ficarem batendo papo
– Desculpa chefe, o Gilson só estava me contando da sua coleção de discos
Ô, e eu nem imaginava que meu
Companheiro de firma era um baita músico!
– Foda-se, josué! Não quero saber de coleção de disco
Porra nenhuma. É o que dá colocar dois vagabundos na transportador
E você, gilson, vai ficar me olhando
Com essa cara?

Não fale assim com meu comparsa
Que na verdade a culpa é toda minha
Já estava mesmo esperando
Um dia só pra lhe mandar a merda
To demitido, eu sei, eu nunca me adaptei
Sou mesmo um caminhoneiro errante
Vou vender rede então ou vou dançar no sinal
Vou escolher viver de sonho:
“Sou imortal não tenho onde cair morto.”

– Ei, moço! Ô, moço! Me dá um trocado aí?
Eu venho de longe, moço
– Ô, rapaz, to com pressa
– Não, não, não, mas espera aí. Eu sei até tocar aqui, ó:
“Sou pequeno você é o maior, você me humilha...”
– Tá bom, tá bom, tá bom, para, para! Vai, vai, diga
Lá, diga lá!
– Oh, moço, eu não. Eu não sou de mentir, eu só queria
Um dinheiro mesmo é pra tomar minha cachacinha
Eu não to mexendo com droga, não to fumando pedra, nem nada
Eu só queria mesmo é tocar meu roquezinho antigo
– Ai, ai, ok, tudo bem.
Menos mal que você vai direto ao assunto, não é?
Deixa eu ver se tenho algo pra te dar aqui
Deixa eu achar aqui, ah, mas, espera!
Eu tô te reconhecendo! Você não tocava naquela banda?
Esqueci o nome
Eu vi alguns shows, vocês eram bons!
Ei, ei, não fuja, volte aqui, rapaz! Ei, volte aqui!

Não me leve a mal
A que ponto cheguei?
Vou fugir, vou vazar daqui

Não aguento os meus dias
Durmo no banco da praça
Vou voltar naquela empresa
Terminar o que eu comecei
Josué é meu colega, tem as chaves do caminhão
Posso render o porteiro e seguir rumo à serra do mar

Sinto raiva e loucura
Só queria era recomeçar
Mas o meu peito é um caminhão
Desgovernado e a desgovernar

E o Gilson conseguiu sequestrar o caminhão
Precisava acelerar e explodir com tudo sem perdão
Nosso amigo já botou várias pistas pra ferver
Escrevendo suas canções
Mas nunca teve o merecido

E então foi batalhar sem ter paixão, só errou
Era avoado para ter uma vida tão banal
Sem a emoção de cantar
Eis que o carro da polícia o alcançou
Gilson viu e se jogou com o caminhão
Para sempre ele será um sonhador
Ele não morreu

Curiosités sur la chanson Meu Peito É Um Caminhão Desgovernado de Charme Chulo

Qui a composé la chanson “Meu Peito É Um Caminhão Desgovernado” de Charme Chulo?
La chanson “Meu Peito É Um Caminhão Desgovernado” de Charme Chulo a été composée par Igor Filus et Leandro Delmonico.

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