Da Estância Pra Venda
Quanta saudade que tenho da minha infância do meu avô que pra mim foi uma legenda
O meu sorriso se espalhava na estância quando este velho me mandava ir na venda
Piá moleque do garrão encascurrado monta o petiço vai na venda pro teu vô
Segue o rio vai costeando o aramado porque a enchente o pontilhão já carregou
Upa, upa meu petiço da saudade
Lembrar a infância que ternura que me dá
Ir lá na venda fazer compra pro meu vô
Foi a relíquia do meus tempos de piá
Piá medonho não afrouxa o mocotó hoje a carga lá da venda vem pesada
O teu petiço vai e vem num tranco só é bom de pata não empaca na estrada
Traga uma lata de bolacha da fronteira erva-mate rapadura e fumo em rolo
Traga sal grosso e sabão para coceira e urna xerenga pra picar o meu crioulo
Upa, upa meu petiço da saudade
Lembrar a infância que ternura que me dá
Ir lá na venda fazer compra pro meu vô
Foi a relíquia do meus tempos de piá
Não te esqueça do meu vinho e da sardinha do mascavo e arroz pra carreteiro
Traga fermento e uma quarta de farinha como é gostoso o abençoado pão caseiro
Traga pavio e querosene meu guri o lampião velho tá num último suspiro
Traga espoleta pra minha velha taquari faz muito tempo que a danada não dá tiro
Upa, upa meu petiço da saudade
Lembrar a infância que ternura que me dá
Ir lá na venda fazer compra pro meu vô
Foi a relíquia do meus tempos de piá,
Traga anzol e barbante pra caniço e quatro dedos da purinha de alambique
Traga tamancos apropriados pra serviço que os da tua vó há muito tempo foi a pique
leve contigo um fio do meu bigode que o bodequeiro anote tudo bem direito
Depois da safra a gente paga como pode caso não der este velhito dá um jeito
Upa, upa meu petiço da saudade
Lembrar a infância que ternura que me dá
Ir lá na venda fazer compra pro meu vô
Foi a relíquia do meus tempos de piá