O Pobre e o Rico

Cláudio Lacerda / Cornélio Pires / Sérgio Penna

A vida de gente pobre padece, não tem artura
A vida de gente rico, arregala e tem fartura
O rico levanta cedo, toma café com mistura
O pobre bebe garapa, quage sempre sem doçura
A sobremesa do rico: Marmelada e rapadura
O doce de gente pobre: Miolo de abóbra madura
A ropa de gente rico: Fazenda boa que dura
O trapo de gente pobre é só remendo e costura

Carçado de gente rico, pincha fora nem num fura
Carcanhá de gente pobre tem valo de rachadura
Gente rico fica doente vem logo doutor e cura
Quando o pobre fica doente o remédio é sepurtura
Cavalo de gente rico tem passo e tem andadura
A égua de gente pobre é calombo e pisadura
O rico qué cumê pêxe no mercado ele percura
O pobre garra na vara e sai prá noite escura

Na sala de gente rico tem retrato e tem figura
Na sala de gente pobre catinga ninguém atura
A perna de moça rica é bonita e tem grossura
Cambito de moça pobre perde inté prá saracura
Na boca de gente rico é oro na dentadura
A boca de gente pobre é fechada noite escura
Quando gente pobre morre vai gozar lá nasrtura
O rico vai para os quinto fervêno na fervedura

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