Aurea de Santo

Victor Thomaz Damasio, GUILHERME SILVA SOUZA, joao vitor cassol de mello

Certamente a fome é meu princípio
Pessoas que tiro de olho e notas de ouvido
Andei por aí por vários dias perdido
Mas a noite sempre chega e é nela que me inspiro

Uns irmãos compram uma arma, outros tiveram um filho
Outros evitaram o peito por excesso de filtro
Maloqueiro bom não fica bem desistindo
E quem não vale nada sempre vive sorrindo

Eu vou de encontro com a alma, sem nada combinado
Se for um campo minado, também tô convidado
Deus me criou em uma crise existencial
E foi crucial eu levar como aprendizado

Converso com loucos
Que escondem seus prantos
Comem no mesmo prato
Dividem o mesmo tanto

Percebam os poucos
Que gritam pelo bando
Não tenho conta em banco
Minha riqueza são minhas notas

Tudo que eu tenho vontade mentalizo e pronto
Tipo um truque de mágica, eu montei meu agora
Pode-se dizer que eu tenho a aura de um santo
Geral segue o que eu falo, mas erro toda hora

Não me leve de exemplo, eu não sou teu pai sou teu mano
Olha a tempestade, eu não sou teu cais sou teu vamo
A vida vai bater, tu vai ter que aprender com os danos
Pra se levantar dos cacos, alguém teve que ser a cola

Cola com quem fala pouco e faz o dobro
Se já pensei em desistir quase o tempo todo
Só quem precisou cantar pra viver vai entender o peso da dobra
Às vezes rima, às vezes chora e no intervalo é só Deus que dobra

Preciso entender meu erro antes de pedir perdão
Somar não é só fazer questão, tem que trazer a solução
Deve ser instinto eu agir por proteção
Agora está nas minhas asas, não está mais na minha mão

Tipo um som do Guiu, sem ele citar sua mãe
Só a minha dá um salve que pode pá que eu volto
Parece um filme, eu preciso igual um vilão
Se for preciso eu mato, mas se for preciso eu choro

Nessas bases que eu oro
Nessas horas que me solto
Se for frase escrevo
Se for fase eu passo

Faço o meu, busquei num pé
Só na hora H, sem ponto, o aço
E limpo o palco pelo bem do espetáculo

Cola num show meu se quiser ver minha alma
Só não me peça calma que eu tenho pressa e sede
Onde eu vim não adianta ser bom, tem que ser excelente
Esqueceu de fechar a boca, vi sua língua de serpente

Melhor MC que eu conheço e servente de pedreiro
Mas pros MCs da cena é um temido coveiro
Se o sol não vier, nós temos o Cassol, esperança pro ano inteiro
Se enganou quem achou que barco que faz, fazia marinheiro

Olha onde nós chegou, tudo que já conquistou
Longe do jeito que nós queremos, mas vou dar o jeito que for
Se no almoço não tiver filé, ainda assim é almoço
Sem tempo pra lapidar, então degustem o esboço

Bem-vindo à selva, proteja seu pescoço
Extinção da escrita, proteja seu estojo
Mãe não entendia, eles me olhavam com nojo
Agora compreendo que esse rap é sujo

Só preciso me organizar
Se é isso que cê quer, vamo aê
Vários querem viver do bagulho
Mas quantos estão dispostos a morrer

Ainda só me sinto mais um
Mas isso só Deus pra escolher
O que nos resta é escalar
E se fluir, rola mesmo

Só preciso me organizar
Se é isso que cê quer, vamo aê
Vários querem viver do bagulho
Mas quantos estão dispostos a morrer

Ainda só me sinto mais um
Mas isso só Deus pra escolher
O que nos resta é escalar
E se fluir, rola mesmo

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