Realmente
João Marcondes
Anoitece calmo na favela
Na janela logo ela
A mais bela do lugar
Musa estonteante
Tem a sina de viver a esperar
Ouve equidistante os peregrinos do trabalho
Maus meninos, um boemeo a dedilhar
Malicionsamente um samba antigo
Que acabara de lembrar
Tudo vira e gira treme e passa
Movimenta os poucos quadros
Da parede sem pintar
Sei lá, reza pra chegar
Sei lá se o amor existe
Ou simplesmente já não há
Por entre as ruas desse mundo
Entre as curvas de outros corpos
Em conversar por aí
Ela realmente alí parada
Aparenta se exibir
Quando bem de longe avista o homem
Se perfuma toda e some
As cortinas vão fechar
Logo o hemisfério vai sentir
Dama da noite pelo ar