Minha Mensagem (part. Daniel)
Moro num sertão deserto naquele mundão aberto
Não se vê ninguém por perto do lugar que eu habito
Ao lado da minha roça, eu tenho minha paioça
Feita de madeira grossa e com folhas de palmito
Muita gente tem receio, não vai lá nem a passeio
Dizem que o lugar é feio, mas eu acho tão bonito
Pois é lá no cafundó que eu sinto prazer maior
Diz que tem lugar mió, porém eu não acredito
Vou dizer uma verdade, com toda sinceridade
Só vim hoje pra cidade comprar o que eu necessito
Acabando de comprar, eu já vou me retirar
Tenho pressa de voltar pro meu recanto bendito
Não me dou com este ambiente agitado e diferente
O sotaque dessa gente, eu acho tão esquisito
Por isso eu vou dar o fora, logo mais eu vou embora
Pro meu rancho lá da flora, meu cantinho favorito
Lá no mato eu não dependo de ninguém me protegendo
Do perigo eu me defendo, sou astuto e sou perito
Mas quando eu chego na praça, eu já vou perdendo a graça
O barulho e a fumaça me deixa tonto e aflito
Quero ver a olho nu o imenso céu azul
E o meu cruzeiro do sul brilhando no infinito
O ar puro do sertão não tem contaminação
A única poluição é a fumaça do meu pito
Não tenho grande estatura nem tanta musculatura
Sou carente de gordura, sou fino que nem palito
Mas tenho boa saúde e um pouco de juventude
Apesar de homem rude, eu tenho meus requisitos
Adoro estar na floresta vendo a natureza em festa
Apreciando a orquestra dos bandos de periquitos
Esta moda é uma imagem da minha vida selvagem
É uma forma de mensagem que no mundo eu deixo escrito