Minhas Vozes
De dez pras cinco até as nove, eu escuto as minhas vozes
Noutro dia escutava a mim mesmo
Vi que tinha muito a me dizer
Nesse instante peguei um papel
Num embalo foi só escrever
Me falava que as peças do mundo
Tem idéias pra lá de módicas
Decidimos então de repente
Tomar mais um trago, um traguinho de Vodka
De dez pras cinco até as nove, eu escuto as minhas vozes
Mais um dia que passamos juntos
Eu e eu, eu e eu, eu e eu
Quase perco minhas estribeiras
Num estalo tô longe dos prumos
Já passei muita coisa na vida
Muita graça e muita desgraça
Mas aprendi num lero comigo
A pegar o jegue e dar voltas na praça
De dez pras cinco até as nove, eu escuto as minhas vozes
Tô sapateando na grande avenida
Encucado e com más intenções
Cada vez é mais uma ferida
Mais um poço de mil confusões
Mas cantando esse partido alto
Com Do Amor e a Teresa Cristina
Resolvi, quero seguir em frente
Fazendo um batuque, pegando umas rimas
De dez pras cinco até as nove, eu escuto as minhas vozes
Que voz é essa que nunca desliga
Tô querendo parar de ouvir
Tampei o ouvido, acendi um cachimbo
No entanto ela só faz crescer
Percebi que não tinha mais graça
E que a boa era logo assumir
Nessa hora num passe de mágica
Ela me deu tchau e se pôs a sumir
De dez pras cinco até as nove, eu escuto as minhas vozes