O Estudante e o Lixeiro
Um estudante a caminho da escola
Parou quando ouviu, uma dicussão
Onde um lixeiro era humilhado
Com palavras tristes de baixo calão
Porque o pobre homem ao coletar o lixo
Respingou sujeira sobre o carrão
O dono do carro, bruto e desumano
Estava ameaçando o pobre ancião
O estudante tirou da sacola
Os livros da escola, colocou no chão
Com ar de bravura e mãos na cintura
Chegou no pedaço e comprou a questão
E já foi dizendo ao dono do carro
Cadê seu amor pelo seu irmão
Pare de ameaças fique por aí
Já falou demais sem muita razão
Quando o dia nasce ele aparece
Com a roupa suja de lixo do chão
Porém sua alma é limpa e pura
Nesta vida dura ele ganha o pão
Agora você é bem diferente
Nem parece gente, nem tem coração
E a sua alma deve ser imunda
Pior que a sujeira que está no latão
O dono do carro se viu sem saída
E louco da vida virou valentão
O estudante tirando a camisa
Disse você precisa de outra lição
O almofadinha se viu enrolado
Todo desarmado diante de um leão
Sem dizer mais nada entrou no seu carro
E em disparada virou o quarteirão
O velho chorando abraçou o estudante
Não tenho palavras para lhe agradecer
Porém gostaria que então me dissese
Onde é que tu moras e quem é você
Se o senhor não sabe estou estudando
Dentro de alguns meses já serei doutor
Mas quando pequeno perdi meus pais
Numa casa pobre encontrei calor
E lá fui crescendo estudando e aprendendo
Gozando e sofrendo mas com muito amor
E trago no peito a vontade louca
De dar o conforto a quem me criou
Agora estou indo e perdendo hora
Mas lhe digo ainda caro companheiro
Eu serei doutor com orgulho eu digo
Sou filho adotivo de um velho lixeiro!