Expresso A Paris

Entrei no comboio
De malas na mão
Destino Paris
Ou continuação

Lágrimas caindo
Lenços acenando
Um adeus à terra
Até não sei quando

Estremece o comboio
Começa a viagem
Um breve silêncio
Enche a carruagem

Só Deus sabe e entende
A causa importante
Do homem que parte
P'ra ser emigrante

O comboio apíta
Entra entra em velocidade
E quanto mais anda
Mais cresce a saudade

Perto da fronteira
Do país vizinho
Abrem-se cabazes
Há perfume e vinho

Depois do petisco
Fala-se da vida
Joga-se à sueca
E à bisca lambida

Já vai alta a noite
E o sôno sem vir
Quem pensa em futuro
Não pode dormir

Corpos contorsidos
Erguem-se de esperança
Está nascendo o sol
Já se vê a França

Às sete da tarde
Chegada a Paris
Adeus companheiro
Que sejas feliz

Assim se despedem
Lestos lá vão
Em busca da sorte
De malas na mão

Uns ficam ali
Outros mais além
Algum sem família
Outros, sem ninguém

Não há desventura
Mais triste e brutal
Que ser Português
Sem ter Portugal!

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