Aos 45
Luiz café
Aos 45 do primeiro tempo da vida
Surge a necessidade da contrapartida
Eu era um ser humano destinado ao fracasso
Condenado a sorrir pouco, a pouco abraço
Fui resgatado, enfrentando olhos de milhares
Que retribuíam me falando pelos seus olhares
Sensibilidade é o que faz você gigante
Letra ativa, sempre positiva, operante
Reverter o quadro, ir ou não, não vem ao caso
Opressão a vista, revolução vermelha, prazo
Entraram no quintal, encontraram a casa sem ninguém
Ao sair levaram a felicidade refém
Vi a droga chegar por aqui
Destruir, uma pá se iludir, hã, se implodir
Afogar a própria vida, se dividir
Entre a paz, a guerra: Diga o que seguir
Agoniza ver quem vive nessa vida só de brisa
Perdendo tempo todo dia, nada prioriza
Sendo escravo por centavo, o que lhe escraviza
Por poder põe tudo a perder, dramatiza
Alvo, lhe senti a salvo por pura rebeldia
Música que eu ouvia, o livro que eu lia
O bate-papo, futebol, cerol, oração, funk e cia
Foram-se poderosa profilaxia
Será mesmo que quem avisa amigo é?
Será que tem que frequentar a igreja pra ter fé?
Será que só quem tem diploma é doutor?
É humildade ou sabedoria pedir por favor?
Meu faro raramente falho aponta o atalho e deixa claro
Meu caro, quero trabalho digno, não quebra-galho
Que gera morte súbita de toda uma geração
E um primeiro tempo da vida sem prorrogação
(Aos 45)
Tudo que vivi só me fez sentir
(Aos 45)
Que vale a pena cada passo
Aos 45, minha visão vai adiante
Enxergo bem melhor, decifro faces, semblantes
Sem óculos, lente de contato, qualquer acessório
Tudo fica evidente, desembaçado, notório
O celular passou a ser meu escritório ambulante
Contatos, bate-papos, constantes contrantes
Produtores são vários, diversos trabalhos
Alguns organizados, outros, prazos falhos
Não me comovo, diminuo contato, removo
Resolvo a questão apostando no sangue novo
Parei com o show, faço celebração
Canal direto, reto, repleto de emoção
Tarde é dia, noite ainda o mesmo dia
Só após zero hora, o calendário anuncia
O início, a retomada de uma nova caminhada
Amanheça e anoiteça, essa é a cartada
Letra no rap ou rap na letra, eita
Endoidei procurando o fiel da balança, receita
Perder noção, gostei do real de perfeição
É extrair o que se tem de melhor no coração
Criação, alimentação, educação da cria
Gente fria, nunca sentiu o sabor da boa companhia
Bate sem dó pra ver o pior, não alivia
Incrível, domingo reclama da casa vazia
Amadureci meu argumento, arte de compor
Sempre dispensando papel de galanteador
Talvez por isso hoje me sinta tão bem
Escrever é expor, com fervor, tá no gen
Refletindo, observando ao redor
Vejo, quase perdi jogo por wo
Olhando pra cima, encaro os muros que escalei
Suei, não cansei, sem algemas, cheguei
(Aos 45)
Tudo que vivi só me fez sentir
(Aos 45)
Que vale a pena cada passo
Cada segundo, cada momento
Me faz pronto pra aprender um pouco mais
Tudo que vivi só me fez sentir
Que vale a pena cada passo
Cada segundo, cada momento
Me faz pronto pra aprender um pouco mais
Tudo que vivi só me fez sentir
Que vale a pena cada passo
Cada segundo, cada momento
Me faz pronto pra aprender um pouco mais