Nos Campos do Amaricá (part. Rogério Melo e Joca Martins)
Já não se avista querência
Nos campos do Amaricá
A sombra cobriu os campos
Das invernadas de lá
E um negro, de riso franco
Chapéu torto e bichará
Encilhou bem um tordilho
Sabe Deus onde andará
Já não se avista o serviço
Nos campos do Amaricá
A cavalha, por mansa
Foi fácil de embuçalá
E o gado-rodeio grande
Que era lindo de avistá
Cruzou o arame de novo
E bandeou pro lado de cá
Já não se avista existência
Nos campos do Amaricá
Onde uma herança de muitos
Não teve ninguém pra herdá
E a floresta tomou conta
Deixando bem como está
Sombra, mato, solidão
Tapera e caraguatá
Já não se avista horizonte
Nos campos do Amaricá
E a história de tanta gente
Aos poucos, se acabará
Nunca mais a peonada
Fazendo um xaraxaxá
Vai trazer gado matreiro
Das grotas do Camboatá
Já não se avista um recuerdo
Nos campos do Amaricá
Quem fecha os olhos pra dentro
Somente assim lembrará
Das madrugadas clareando
No bico de um batará
Pois a saudade machuca
Com espinhos de açucará
Já não se avista poesia
Nos campos do Amaricá
Pra sombra tem pouco verso
E quase rima não há
Só resta uma nostalgia
No bico se um sabiá
Junto da sanga correndo
Pros rumos do Deus dará