Catulina
Dona Catulina, é uma professora de já certa idade
E ela monta em seu burríco no jumento
E eles vão trotando 40, 80, 120km
Só pra ela descer do burríco
E ensinar as criancinhas a ler e escrever
Dona Catulina faça-me o favor
Quero aprender a ler e escrever
Aliviando o sofrer nessa terra misericordiosa tão odiosa
Nesse sertão ardente Só com a fé em Benedito Que me pede o saber
Ai como dói, tudo o que a terra destrói
Nesse sol ardente que rói os meus dentes
Ismael, porque tanta escravidão?
Peço a Jesus de Nazaré, Oxalá e Zambi
O seu perdão Para continuar a minha peregrinação
Este inferno, cheio de mistérios onde falta água, luz e pão
E ainda me pedem compreensão e muita resignação
Mundo cão, de justiceiros de Lucas da Feira a Lampião
E de devoção Padre Cícero a Maria Conga
Que da sua kalunga grande imanta as suas ondas
Neste calvário de aflição
Hoje no meu oásis, vejo um homem e seu violino
A caminhar por uma nação de afros, mamelucos e índios
De povos do oriente e do ocidente
Todos a procura de uma Catulina
Este ser querido que um dia me deu a salvação
Dona Catulina faça-me o favor
Quero aprender a ler e escrever