Já O Tempo Se Habitua

Jose Afonso

Já o tempo se habitua
A estar alerta
Não há luz Que não resista
À noite cega
Já a rosa Perde o cheiro
E a cor vermelha
Cai a flor Da laranjeira
À cova incerta

Água mole Água bendita
Fresca serra
Lava a língua Lava a lama
Lava a guerra
Já o tempo Se acostuma
À cova funda
Já tem cama E sepultura
Toda a terra

Nem o voo Do milhano
Ao vento leste
Nem a rota Da gaivota
Ao vento norte
Nem toda A força do pano
Todo o ano
Quebra a proa Do mais forte
Nem a morte

Já o mundo Se não lembra
De cantigas
Tanta areia Suja tanta
Erva daninha
A nenhuma Porta aberta
Chega a lua
Cai a flor Da laranjeira
À cova incerta

Nem o voo Do milhano ...

Entre as vilas E as muralhas
Da moirama
Sobre a espiga E sobre a palha
Que derrama
Sobre as ondas Sobre a praia
Já o tempo
Perde a fala E perde o riso
Perde o amor

Curiosités sur la chanson Já O Tempo Se Habitua de José Afonso

Quand la chanson “Já O Tempo Se Habitua” a-t-elle été lancée par José Afonso?
La chanson Já O Tempo Se Habitua a été lancée en 1969, sur l’album “Contos Velhos Rumos Novos”.
Qui a composé la chanson “Já O Tempo Se Habitua” de José Afonso?
La chanson “Já O Tempo Se Habitua” de José Afonso a été composée par Jose Afonso.

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