Cidadania
Nêga, pra me redimir tô aqui de joelhos
Amor não repare meus olhos vermelhos
É que às vêzes enquanto tua alma sonha
Eu penso em ir embora, que vergonha
Quando eu estava querendo voltar pra esse mundo
Voce me acolheu em teu ventre fecundo
Tuas veias, teus seios, teu cheiro, tua língua
Forjaram, com amor, esse homem que eu sou
Todo mundo que vem aqui em casa te gosta
E eu que deito contigo, é... às vêzes de costas
Que tenho dormido esse amor com você, me perdoa
Nêga, é com todo carinho, amor e respeito
Que esse desabafo explode em meu peito
E me deixa com a alma em plena vigília
E os olhos voltados pra família
Nêga, vem cá meu amor, vem secar o meu pranto
Vem, abraça teu nêgo, perdoa, desfaz o quebranto
E deixa jorrar o desejo nas veias
Pra que um novo dia venha amanhecer
Com um belo sorriso do norte aos pampas
E um bumba meu boi desfilando na rampa
Fazendo a magia pra gente aprender
Ganhar nosso sustento vendendo alegria
Nêga, eu sei vai dar certo, já deu na Bahia
Meu amor, sei que um dia a gente há de vêr
Vêr os nossos rebentos fazendo a folia
Tendo paz, alimento e cidadania
Saúde e alegria pra poder viver!...