São Paulo 451
Naquela praça suja com merda de pombo
Patrulhada pelo sexo
Ele chega às quatro
Polindo o sapato
P'ra vender o seu amplexo
E os homens passam
Notam seu bigode
Mas na coxa se extravasam
Veio sua amiga
A loira José
Convidando para o café
E ao segundo brande
Já José se expande
Esboroando seu baton:
"Amanhã não estaremos aqui
Veja se bebe um pouco e sorri
Tira esses olhos do chão!
O futuro é lindo: eu já vi!
E o avião vai directo para lá!
Vamos embora dessa aflição!"
E Manuel morena
Tomou os seus calmantes
Por causa dos joanetes
E disse cansado que estava assustado
Pois nunca tinha voado:
"E se há um acidente?
E se o passaporte?
Será que não sentes o medo da morte?
Me dá um cigarro!
Me dói a cabeça!
P'ra quê tanta pressa?
E a depilação?"
"Amanhã não estaremos aqui
Veja se bebe um pouco e sorri
Tira esses olhos do chão!
O futuro é lindo: eu já vi!
E o avião vai directo para lá!
Vamos embora dessa aflição!"
No dia seguinte
Num canto da praça
Quem passou podia ver
Duas prostitutas tão deselegantes
Acenando p'ra você