As Três Cabecinhas de Ouro

Julio Cesar

Era uma vez uma moça boazinha.
E era uma vez também uma moça malvada. A moça boazinha e a moça malvada receberam a notícia de que o príncipe iria se casar com aquela que chegasse primeiro ao seu reino.
Mas para chegar lá era preciso atravessar uma floresta muito bonita, mas muito grande, e no final, uma floresta de espinhos. A moça malvada já foi logo dizendo.
- Eu vou chegar primeiro e vou me casar com o príncipe e ninguém vai me atrapalhar.
E a moça boazinha já foi logo dizendo.
- Será que eu vou conseguir ajudar a servir os doces na festa do casamento? Se eu conseguir, eu vou ficar muito feliz.
A moça malvada foi ao salão, fez maquiagem, fez escova no cabelo, alisamento, passou batom, comprou um vestido longo, muito bonito. Foi toda emperequitada.
A moça boazinha era pobrezinha. Ela só tinha um vestidinho. Muito simples, mas bem limpinho. E ela foi descalça porque ela não tinha calçados.
Ela levou numa sacolinha apenas um pãozinho seco para fazer um lanche no meio da. A imagem é um pouquinho de água numa garrafa.
A moça malvada comprou hambúrguer, muito sanduíches com queijo, presunto e salame, maionese, um bolo de chocolate desse tamanho e duas garrafas de dois litros e meio de refrigerante.
A moça malvada foi na frente e lá no meio do caminho, lá no meio da floresta, ela parou um pouco e disse.
- Vou parar um pouquinho para comer o meu lanchinho, depois vou tirar um soninho e depois vão embora.
A moça malvada, quando se sentou próximo a uma árvore, quando ela começou a comer o sanduíche, apareceu um velhinho com uma túnica branca, descalço, com uma barba branca e o cabelo branquinho.
- Ó moça, me deu um pedacinho de pão.
Estou com tanta fome.
- Vá embora daqui, seu velho. Eu não ajudo ninguém.
O velhinho foi embora. Triste, muito triste.
A moça malvada foi comendo tudo sozinha. Os dez sanduíches, o bolo de chocolate inteirinho. Bebeu todo refrigerante. Ficou com a barriga desse tamanho. Deu uma dor de barriga nela. A moça malvada, depois que comeu, disse:
- Vou descansar um pouco e depois vou embora.
Fechou os olhos. Apareceu a primeira cabecinha de ouro cantando:
- Me lava, me penteia, me põe no sol p’ra secar.
Mas como ela era malvada, ela respondeu para a cabecinha de ouro Bem assim:
- Eu não lavo cabecinha de ouro nenhuma. Vá embora daqui!
A cabecinha de ouro foi embora muito triste, chorando.
- Vou descansar agora.
Quando ela começou a adormecer, apareceu a segunda cabecinha de ouro cantando: - Me lava, me penteia, me põe no sol p’ra secar.
A moça malvada pensou que fosse a mesma cabecinha de ouro e ficou mais brava:
- Vá embora daqui!
A cabecinha de ouro foi embora muito triste, assustada e também chorando.
Quando ela começou a adormecer, apareceu a terceira cabecinha de ouro cantando Me lava... - Eu já falei que eu não vou! A terceira cabecinha de ouro foi embora muito triste e muito assustada.
A moça malvada adormeceu. Acordou, levantou se e foi embora. Logo depois chegou a moça boazinha no mesmo lugar. Ela parou para descansar. Quando ela se sentou para fazer aquele lanchinho com o pãozinho seco e a garrafinha de água que ela tinha trazido, apareceu o mesmo velhinho com a barba branca e uma túnica branquinha e descalço, dizendo:
- Ó moça, me deu um pedacinho de pão.
Estou com tanta fome.
A moça boazinha repartiu o pãozinho seco com o velhinho, entregou para ele e pediu desculpas porque só tinha aquele pãozinho de lanche, mas que ela fazia questão de dividir com ele e também a garrafinha de água. O velhinho e a moça comeram juntos, muito felizes. O velhinho, logo depois que terminou de fazer o lanche com a moça, contou histórias maravilhosas para ela e depois foi se levantando para se despedir, mas antes entregou para ela um saquinho com um pozinho mágico. E a moça boazinha, sem entender o que era aquilo, perguntou para o velhinho.
- O que é isto?
- Este é um saquinho que contém um pozinho mágico e quando você chegar perto da floresta de espinhos, você abre o saquinho, tira o pozinho e espalha bem na frente da floresta, dizendo as palavras mágicas: Ó floresta de espinhos, abra para mim os caminhos. Repita comigo Oh! Floresta de espinhos! Abra para mim os caminhos.
E a floresta se abrirá. E o final da história eu não posso contar.
O velhinho levantou se, limpou a poeira da túnica, despediu se da moça e foi-se embora. A moça, boazinha como estava cansada, estava com sono e resolveu deitar um pouco para descansar mais. Quando a moça boazinha fechou os olhos, apareceu a primeira cabecinha de ouro cantando:
- Me lava, me penteia, me põe no sol p’ra secar.
A moça boazinha, com todo carinho, pegou a cabecinha de ouro, levou até o riacho, lavou, penteou e colocou no sol para secar. A moça boazinha voltou para o mesmo lugarzinho e deitou se.
Quando ela fechou os olhos, apareceu a segunda cabecinha de ouro cantando:
- Me lava, me penteia, me põe no sol p’ra secar.
A moça boazinha, é claro, pegou a cabecinha de ouro com todo carinho, levou para o riacho, lavou, penteou e colocou no sol para secar.
A moça boazinha voltou para o mesmo lugar, deitou se. Quando ela fechou os olhos e já estava começando a adormecer, apareceu a terceira cabecinha de ouro cantando:
- Me lava, me penteia, me põe no sol p’ra secar.
A moça boazinha levantou-se, pegou a cabecinha de ouro com muito carinho, levou até o riacho, lavou, penteou e colocou no sol para secar. Quando a moça boazinha terminou de lavar a terceira cabecinha de ouro, apareceram as outras duas cabecinhas de ouro. As três cabecinhas de ouro chegaram bem perto da moça e disseram para ela:
- Quando você chegar ao castelo, você será uma moça muito feliz.
E a moça boazinha ficou pensando:
- Será que eu vou conseguir chegar ao castelo e servir os doces do casamento?
A moça boazinha estava tão cansada que mal chegou ao seu lugar para dormir, adormeceu. Logo teve um sonho lindo. Depois acordou bem disposta, levantou se e seguiu o seu caminho. Enquanto isso, a moça malvada já havia chegado em frente a floresta de espinhos. A moça malvada olhou aquela floresta e disse:
- Que floresta feia! Cadê o caminho? Não tem caminho! Floresta de espinhos abre para mim os caminhos!
Nada aconteceu. A moça malvada gritou mais alto:
- Floresta de espinhos abre para mim os caminhos!
Nada aconteceu. A moça malvada disse:
- Eu vou passar assim mesmo.
A moça malvada foi entrando dentro da floresta de espinhos, os espinhos arranhando o seu rosto, desmanchando seus cabelos, desmanchando sua maquiagem. Foi ficando parada, foi se transformando em uma árvore de espinhos.
Quando a moça boazinha chegou perto da floresta de espinhos, retirou o saquinho com o pozinho mágico. Lembrou se das palavras do velhinho: Floresta de espinhos. Abra para mim os caminhos! E repetiu com o seu coração.
Florestas de espinhos. Abra para mim nos caminhos.
Quando a floresta terminou de se abrir, a moça ficou assustada e ao mesmo tempo encantada.
Do outro lado, um castelo maravilhoso e em frente ao castelo muitos cavaleiros com seus cavalos negros eram os soldados do reino e no meio dos cavalos negros haviam dois cavalos brancos.
Em cima de um cavalo branco estava o príncipe e ao lado do príncipe estava o rei, vestido com uma túnica branca, uma barba branca, o cabelo branquinho e descalço.
E espera.
O rei era o mesmo velhinho que chegou para a moça malvada e para a moça boazinha. O velhinho era o rei. Olha só!
O rei virou-se para o príncipe e disse:
- Esta é a moça.
O príncipe desceu do seu cavalo, parou diante da moça, ajoelhou se naquela posição dos cavaleiros, colocou uma mão sobre o joelho, a outra mão sobre o coração. Olhou bem para a moça e disse Você quer se casar comigo? Os dois se casaram e viveram felizes para sempre.

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