Um Tiro
Um tiro e a corda estende quando, da mão, se despega
Num pataleio de égua na volta da campereada
Termina cerrando a armada num bote de precisão
Juntando a rês contra o chão p'a cura que o campo pede
Também um tiro despede d'uns pila' o índio jogado
Quando bolcou pro outro lado na direção d'onde vinha
Deixando faca e bainha, tudo levou à volteada
E a suerte não foi clavada pra sina do calavera
Um tiro e a cancha reta se veste de polvadeira
Depois de aberta as gatera', aos gritos de: -Lá se vem!
Não resta um só vintém, nem no bolso d'uma dona
Que enche de plata a carona na roda do apostador
Não resta um só vintém, nem no bolso d'uma dona
Que enche de plata a carona na roda do apostador
Um tiro de laço deu passo à lida no campo
Num tiro, perdeu os tanto' de ficha o índio timbeiro
Um tiro rendeu dinheiro no bolso do carreirista
Num tiro, fechou a vista um guapo na madrugada
Um tiro e o corredor ficou marcado de luto
Assim, findou o assunto que se estendeu no bolicho
Talvez, por algum cambicho, venho pintar o retrato
Às vezes, o tipo, por guapo, perde o regalo da vida
Talvez, por algum cambicho, venho pintar o retrato
Às vezes, o tipo, por guapo, perde o regalo da vida
Um tiro, somente um tiro
Somente um tiro e mais nada