Penitência II

não tô mais tomando café nem fumando cigarro não, mano
trás uma água pra mim, por favor
zoeira, dá a porra do cigarro aí!

sério, eu errei mil vezes, não foram só algumas
acho que eu nem me importo mais pra onde a vida ruma
querer controlar o destino é difícil, assuma
ninguém o entende, como um código, enigma ou runa
não sonho com fortuna, mano eu quero é ter tempo
indecifrável como o éter, o quinto elemento
até agora ainda não sei se foi sorte ou talento
não desisti, fracassos são ensinamentos
sem choro ou lamento, nenhum arrependimento, não
osfatos não se importam com teus sentimentos
eu sempre fui sedento, quis ver o mundo cedo
isso me custou a inocência, mas me tirou o medo
mudou a forma de eu ser e de como vejo
entender que nem sempre acontece como eu desejo
me adaptar e ate sangrar se for necessário
me foder pra aprender o valor do trabalho
fui persistente pra caralho, eu fiz tudo a risca
vivendo um dia após o outro, não sou idealista
foco no hoje e só, no meu ponto de vista
a gente morre um pouquinho a cada vez que pisca
sei que o cenário é pessimista, mas esse é o jeito
eu sempre fui dos que se provam em busca de respeito
quero as lutas mais difíceis pra matar no peito
ferro afia ferro, um rei não nasce, ele é feito
efeito dominó, um caos organizado
pro sacrifício no futuro ser recompensado
por cada fardo carregado e suor no chão
ter disciplina importa mais do que ser motivado
sei que isso tudo é pesado, mas não me assusta
eu já dei meu salto de fé numa queda brusca
vencer é difícil, o sacrífico às vezes te frustra
é como é, nada vale o que nada nos custa

perguntam-me o que rolou pra eu mudar
que com o tempo fui ficando mais frio
as cicatrizes só me fazem lembrar
que eu fui mais forte do que quem me feriu
penitência e culpa eu deixei pra lá
tô pela guerra então afio o fio
as cicatrizes só me fazem lembrar
que o próximo passo sempre é o mais importante, porra