Com a Crescente Nos Garrão

O mouro peiteia o agosto saudoso do sol na crina
Cortando a garoa fina que encharca poncho e pelego
Vai contemplando o varzedo que a muito anda encharcado
Tranqueando um lote de gado na lida que acordou cedo

O lote aperta e tranqueia se escapando da crescente
Perto se escuta a enchente roncando atras do capão
Topetes de moerão sobre o rio que ta subindo
E os meus bastos vão rangindo contraponteando o trovão

Quando andei la do fundo com a agua lambendo estribo
O cusco topou perigo e assim me fez um costado
Buscou o gado ilhado preso na própria tristeza
Esperando a correnteza pra morrer contra o alambrado

Um pouco além da crescente testei a força do braço
Correndo os tentos do laço na aspa de uma novilha
Força do pingo e presilha pra tirar do atoleiro
E o mouro por tarimbeiro sobre o barro deixou trilha

Vai se findando a manha na crescente de outro dia
E o tranco da gadaria se acalma no parador
Pra o posto que é fiador o mouro mascando o freio
E o agosto chegou feio se clariar o chovedor

Quando andei lá do fundo com a água lambendo estribo
Cusco topou perigo e assim me fez um costado
Buscou o gado ilhado preso na própria tristeza
Esperando a correnteza pra morrer contra o alambrado

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