Terra
Última vista da cidade
O suor seco tem cheiro de terra e de rancor
Tão imperfeita, amarela pro marrom
Eu deixo um pedaço de pele pra cada senhor
Quase morri, mas não, vivi
Tudo está em paz
Já nem lembro mais
De nenhum amor
Nem do capataz
Tudo está em paz
Esquenta essa palha
Espalha essa brasa, senhor
Não há paz
Há corpos de barro no céu
Tão limpos, vazios e frágeis
Muito maiores que eu
Olho pro alto, não vejo nada, embaixo, sim
Sou santo, sou pai, sou filho daqui
Me arde sua mão, me cura seu fogo
Deixo a vida e renasço, levando um estrago
Quase sofri, mas não, te vi
Tudo está em paz, Deus, Terra, meu Pai
Me mostra o que não consegui viver
Tudo está em paz
Descansa esse braço
Bebe essa água, senhor
Não há paz
Há corpos de barro no céu
Tão limpos, vazios e frágeis
Muito maiores que eu
Quantas vezes vou ter de voltar
E negar esse mar
Minha pele, essa terra
Acordei