Açude

Carol Diniz

Exausta, escorada na janela
Raios laranjas se atiram contra a casinha perdida na imensidão.
Paredes de barro erguidas por suas mãos grossas e feridas.

Olhos sujos de terra, fortes,
não deixavam que uma só lágrima caísse sobre o chão batido.
A enxada encostada não era mais a garantia da única refeição diária.

Inerte, olhava para cada planta seca.
Dores fisgantes anunciavam a temida angústia
Sentia novamente o peso de perder um filho,
consequência de seu esforço e luta.

Carregando um pote de água suja e as raízes que colheram no dia,
os três rostinhos baixos já sabiam o que acontecia.
O silêncio reinava no isolado pedaço de terra.
segurar suas mãos era a única ajuda possível.

Dia após dia, o sangue ainda seca na toalha
hora de enrolar as poucas roupas velhas e partir.
Sós, seguem pelo cascalho em direção última tentativa de sobrevivência

Do destino espera-se luzes, abundância, dignidade.
Porém, por eles aguardam a escuridão, a necessidade, a indiferença.

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