Pressinto
'Eu moro ao lado
Da tua casa
Dos lugares que são teus
Da tua rua
Eu moro perto
Das tuas histórias
Das montanhas e desertos
Que te deixam a alma rasa e nua
Eu adivinho no teu semblante
A cor que têm as noites
Que te inundam
É que eu pressinto
Que vens de tão longe
Que é teu o lugar
Onde as estrelas, no fim,
Se afundam.
No teu olhar
Eu adivinho
A luz que esconde o cansaço
No avesso do luar
Eu moro dentro
Do teu caminho
Dentro onde o sangue rebenta
Com a mesma força do mar
Eu sei as marcas na tua pele
Da vida inteira
Que tu não sabes
É que eu pressinto
Que vens de tão longe
Que é teu o lugar para onde
A maré vaza leva a saudade
Eu guardo o tempo
Que deixas assim
Esquecido
nas minhas mãos vazias
Se abraçasses a noite
Saberias de mim