Na Moldura da Janela
A saudade é uma espera demorada
Ainda mais, quanto à distância mora nela
Ficam luas pra açoitar quartos de ronda
E uma ausência de sorrisos na janela.
Cada vez que o fim da lida encerra o mês
E a partida que há em mim, se faz estrada
Dá tristeza de cruzar frente ao teu rancho
E mirar tua janela, assim fechada.
Quem já partiu, embora a alma permaneça
Mora nas casas que o destino sabe ter
Fica pra sempre na moldura da janela
Mesmo que o tempo nos ensine a esquecer.
Quem sabe um dia, no retorno de uma tropa
Minha alma estradeira, teu olhar mate o cansaço
E entre um sorriso e saudades tu me espere
Com boas vindas, mate Bueno e um abraço.
Daí de novo a moldura da janela
Terá sua lua, linda em flor no meu querer
E o que era ausência, saberá ser acolhida
Por olhos claros que eram meus sem eu saber!
Flor amarela, feito lua no cabelo...
Das noites claras que a saudade não deu fim
Ficam mais quietas sem os olhos miradores
E o riso terno, que tu tinhas só pra mim!