Aplicação (II Tm 4.19-22)
Na realidade do evangelho
A realidade das coisas
Costuma ganhar outras cores
Morte aqui tem cheiro de vida
O choro às vezes ganha contornos amarelos
E soa festivo
Na realidade subversiva do evangelho
É dando que se recebe
Eu sei que você tem sido treinado
Pra reter
Sucesso pra gente é retenção em massa
Mas veja, o sucesso de Cristo
Foi medido pelo nível de seu esvaziamento
Enquanto Paulo está aos olhos de todos ali no tribunal
Sozinho, abandonado, sujo, doente
Ele vive, na verdade, seus momentos de maior alegria
Ao relatar esse episódio ele deixa escapulir
Uma pequena e bela canção de louvor
A ele seja a glória pra todo sempre, amém
Ele nunca esteve tão bem acolhido como em sua solidão
Na realidade do evangelho
A realidade das coisas
Costuma ganhar outras cores
Estamos caminhando para as últimas palavras dessa carta
As últimas palavras registradas do grandioso Paulo
Aliás, do pobre coitado e aprisionado Paulo
Porque, na realidade do evangelho
A realidade das coisas
É outra
Saudações à Priscila e Áquila
E à casa de Onesíforo
Erasto, permaneceu em Corinto
Mas deixei Trófimo doente em Mileto
Procure vir antes do inverno
Êubulo, Prudente, Lino, Cláudia e todos os irmãos
Enviam-lhe saudações
O Senhor seja com seu espírito
A graça seja com você
Como chega ao fim de sua jornada um homem de Deus?
Paulo chegou assim
Aparentemente sozinho
Mas nenhuma gota de amargura no peito
Antes, saudações e gratidão
São exaladas por meio de suas palavras
Ele faz menção de amigos queridos
Com quem dividiu momentos importantes na fé
Priscila e Áquila que já haviam partilhado estrada missionária com Paulo
Em ocasiões passadas
Onesíforo que já foi mencionado por Paulo
Como alguém que o animava muito
Cita Erasto também
Possivelmente tesoureiro na igreja em Corinto
Uma igreja que, parece ter demandado muito da atenção do apóstolo
Como chega ao fim um homem de Deus?
O que Paulo está se ocupando em fazer
Nos últimos momentos de sua jornada?
Bem, Paulo estava fazendo aqui
O que fez durante todo o seu ministério
Ele tá pensando nos outros
Deixei Trófimo doente em Mileto
É quase como ver a Cristo ali no madeiro
Em grande dor e agonia
Mas ainda sim, reservando algum momento
Pra cuidar de sua mãe
E de seu discípulo mais novo
Filho, eis aí a tua mãe
Mãe, eis aí o teu filho
Cristo entregou o coração partido de sua mãe
Aos cuidados de João
Paulo entregou o doente Trófimo
Aos cuidados de seu discípulo
Quem de nós pensaria em mais alguém
Na hora de sua dor?
Paulo pensou
Cristo também
Porque na realidade do evangelho
A realidade das coisas
Costuma ganhar outras cores
Paulo ainda arranja espaço pra citar
Cuidadosamente nomes daqueles que
Muito provavelmente, são seus últimos frutos
Êubulo, Prudente, Lino, Cláudia e os irmãos todos
É como quem diz
Se você chegar aqui Timóteo e eu não estiver mais
Procure por esses novos convertidos
E aí nós chegamos de fato no fim
Pra quem acompanhou
A jornada cinematográfica de Frodo e a sociedade do Anel
Lembra muito bem da cena comovente que
Foi a despedida que esse pequeno e corajoso Hobbit com seus amigos
Mas o momento mais emocionante foi o último abraço
Frodo olha compassivo pro seu companheiro de jornada Sam
E em silêncio solene
Os dois parecem reviver toda aventura
Que os tirou do Condado e os levou até ali
É precisamente nesse ponto
Da história de Paulo e Timóteo que chegamos
Nas próximas frases são o último abraço de Paulo em seu filho Timóteo
E ele poderia fazer votos de que Timóteo
Fosse muito bem na vida
Tivesse muitos amigos e tudo mais
Mas não é nada disso que Paulo deseja a Timóteo
Paulo sabia muito bem
O que foi que o livrou de padecer inúmeras vezes
E padecer aqui, não é no sentido de morte não
Porque morte pra Paulo é lucro
Lembre-se, na realidade do evangelho
A realidade das coisas
Costumam ganhar outras cores
Paulo sabe muito bem o que desejar a Timóteo
Timóteo quando eu tinha sua idade
Quando eu era jovem
Eu fui até Deus
Desesperado
Com um espinho que me aferroava a alma
Mas Deus disse
Paulo, não se avexe não
A minha graça te basta
Porque o meu poder se aperfeiçoa na sua fraqueza
E é isso Timóteo que eu desejo a você
O favor imerecido dos céus que
Certamente me abrirá os portões celestiais
Timóteo, que a graça seja com você
E ao dizer isso, descansou a pena do poeta
Descansou o apóstolo eternamente
Missão cumprida
Seu ministério findou
Eu não sei se Timóteo chegou lá antes do inverno
Como Paulo desejou
Mas a pergunta é se você
Vai chegar antes do inverno
Timóteo, vem depressa