Cascoteado
Eu nasci no Toro Passo, me criei no aferidor
Aprendi quebrando casco às voltas do corredor
Não suporto o arruaceiro e o barracho me dá asco
Criei vergonha na cara vendo os outros fazer fiasco
Não refugo em porteira nem durmo dentro de sanga
Pra me voltear pra mangueira precisa sinuelo e manga
Eu nado sem bater braço, corro sem levantar pó
E sou como o quero-quero que dorme com um olho só
Quem quiser me embuçalar ou me tosar desmaneado
Vai botar fora a carreira pois tenho por precavido
Muito sarandi cortado, muito café na chaleira
Não vou em baile de cobra sem levar um pau de jeito
Deixando o pingo encilhado e por fora do parapeito
Não há arisco que não caia, mas o diabo é meu padrinho
Sou coruja cascoteada, moro à beira do caminho
Ninguém me pega entocada, nem "pichão" fora do ninho!