Romance Das Casas Brancas
Uma casa toda branca
Debruçada na ladeira
Tem de um lado uma figueira
E do outro um parreiral
Tem na frente um descampado
Por onde cruza uma estrada
Onde um guri ficou moço
Bateu asas e voou
Do outro lado da estrada
Outra casa toda branca
E uma moça na janela
Que um lenço branco abanou
Olhos grandes e escuros
Feito dois figos maduros
Que a moça triste a chorar
A boca amarga adoçou
Quem nasceu para voar nasce com plumas
Cria penas, deixa penas e abre as asas
Se emborracha com o vento das alturas
E perde o rumo do retorno para as casas
Ah! Esta saudade é uma sangria
E não estanca
As lembranças voam sobre as casas brancas
Sem se dar conta, que o moço envelheceu
Estas aves insaciáveis de caminhos
Não se acasalam e não fazem ninhos
São aves migratórias como eu