Noé No Século XXI
Desaguo a minha corrente até secar minha voz
Desaguo alma corrente até chegar na foz
Pôs tudo que é sagrado
Sons e laços
Nós
Sob a mesma jangada
Flutuando a sós
Retornarás ao barro, a barragem quebrou
Noé desesperado atrás de espécies de amor
Dilúvio é engarrafado às cinco no metrô
Se acomoda e rema
Rema
Rimador
Se acomoda e rema, rema
Rimador
Quem tem olho é rei
Em terra de cego
Nada novo se o dia
É ensolarado no inferno
Liberdade pro Helicoca no país do futebol
Tu imagina se isso fosse pinho sol
Noé tá desesperado atrás de espécies de amor
De espécies de amor
Noé tá desesperado
São novos tempos
E nesse mar de gente e cimento
A fé se dissipou do mundo
O dilúvio já está acontecendo
Na chuva que invade
A cortina é fumaça
O ávido vinagre exala
E a sede passa
São caras e coroas
Arcas e canoas
Todas de papel
Cada um constrói a sua
Como pode
São parcas em cambos
Taças e lavouras
Não existe réu
Cada um por si
No seleto sacode
Dois pés na lama
Onde Rio era Doce
Sangue que Vale ouro
E vice-versa
Tipo foice
Pôs-se a navegar
Sobre novas caravelas
Com outros valores
Sob a mesmíssima chancela
Mesmice na panela
Dita chance na cela
Em lares como os lares da Maré
Mesmice na panela
Dita chance na cela
No fim dessa carta
Eu li a palavra “Noé”
Quem tem olho é rei
Em terra de cego
Nada novo se o dia
É ensolarado no inferno
Liberdade pro Helicoca no país do futebol
Tu imagina se isso fosse pinho sol
Noé tá desesperado atrás de espécies de amor
De espécies de amor
Noé tá desesperado