Pout Pourri Asas da América
Ola alô, morena flor de cheiro
Sai dessa roda e vem pr’esse cordão
Te dou um doce, um cacho de pitomba
Vem pro meu lado e sai da contramão
Vim do Recife pra ver Pitombeira
No mesmo compasso, poeira, carreira menina bonita queimada de sol
Pandeiro na mão, estrela do norte, areia do mar
Olinda mandou me chamar
É talco, é banho, é carreira no Carmo, na Sé, na Ribeira
Olhando teus olhos me perco e esqueço até do jantar
Safada era a cara do anjo
Que no quarto noturno pintou
No meu ouvido falou loucuras de amor
Pegou minha mão e saímos na troca de passos
Um beijo molhado, escandalizado
Que até minha gata se escandalizou
E com um penacho de índio ele me coroou
Sou anjo avesso sou Tupã presente
Guerreiro sempre, galho da semente
Do algodão, do pau-brasil, da serpentina que coloriu
Os olhos do cego
A voz do anão
A vida e o meu coração de leão
Essa menina pernambucana
Que vem chegando e abrindo a roda
Essa menina cana caiana
Pernambucana cor de manga rosa
Essa menina é todo verso, é toda prosa é todo som, é toda rina
É toda Olinda, é toda mar
Pernambucana cana caiana
Doida de maio dos coqueirais
Que se empenujam nos ventos guerreiros
Dos maracatus tropicais
Eu quero um banho de cheiro
Eu quero um banho de lua
Eu quero navegar
Eu quero uma menina
Que me ensine noite e dia
O valor do beabá
O beabá dos seus olhos
Menina bonita da boca do rio
O beabá das narinas do rei
O beabá das meninas
Sangrando alegria
Magia, magia, nos filhos de Gandhi
O beabá dos baianos
Que charme bonito, foi o santo que deu
O beabá do Senhor do Bonfim
O beabá do Sertão
Sem chover, sem colher
Sem comer, sem lazer,
O beabá do Brasil