Ana

Abre vossa porta que eu venho ferido
Preciso de ajuda de vosso marido
Se vives ferido pode ir de vez embora
Que a minha porta não se abre agora
Não se abre agora, pra mim vais abrir
Eu sou um pobre cego que ando a pedir
Se canta e pede dai-me pão e vinho
E trate a este cego com todo carinho.

Não quero teu pão, nem quero teu vinho
Só quero que ana me ensine o caminho
Levanta-te ana pega o roto e linho
Atenda este cego que anda sozinho
Minha tristeza nesta noite escura
Não vejo de ana sua formosura
Acabou-se meu roto, desfiz o meu linho
Adianta-te cego e vais no caminho.

Tem paciência oh, ana mais um bocadinho
Preciso de ajuda só mais pouquinho
De duques e condes já fui pretendida
E hoje de um cego me vejo rendida
Cala boca oh, ana, cala boca aí
Eu sou aquele conde que te pretendi
Meu Deus do céu, a virgem maria
Eu nunca vi cego com cavalaria

Se nunca tu viste serás agora
De cavalaria a campo a fora;
Quanta maldade, tanta ingratidão
Estou sendo roubada por um pelotão.
Juraram bandeira lá em certa altura
Pra verem-te ana, sua formosura
Adeus minha casa, adeus minha terra
Adeus minha mãe que tão falsa me era.

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