A Saudade Que o Carreiro Deixou
Eu vi meu pai chamando sua boiada
Vem descendo apareada dois a dois lá no espigão
Os bois de guia já se arrumavam na frente
Caprichoso e o Valente dois bois de estimação
E eu sentado ali na régua da porteira
Pra mim era brincadeira disso eu não esqueço não
E quando osbois passavam ali na carreira
Eu descia da porteira e neles passava a mão
Lá no curral todas as cangas separadas
Esperando que a boiada se ajeitasse em seu lugar
As duas juntas que trabalhavam no meio Navegante
E Recreio Mato Grosso e o Paraná
No cabeçaio Tubarão e lubisomem papai chamava por nome pra no carro encostar
E os bois de guia sozinho se arrumavam
Parece que eles estavam chamando pra trabalhar
Tinha um chifre pendurado no fueiro
Era de um boi carreiro que papai tanto gostava
Tinha uma estera de taquara de banbu
E as brochas de couro crú que ele mesmo trançava
Bem no capriço ele fez um tambueiro fez nosso carro inteiro da madeira que serrou
Com um formão deixou na xepa entalhado
O nome dos bois gravado que ainda não apagou
Até chorei quando vi o restou
A lembrança encarregou de me mostrar a realidade
Eu não queria que acreditar no que eu via
Porque ali foi um dia somente felicidade
Hoje papai esta la junto dos carreiros
Já fazem muitos janeiros vejam só o que sobrou
O nosso carro hoje lá é raridade e no meu peito a saudade que o carreiro deixou