Os Três Estados da Milonga
É pedra, é preciosa
Solidez da criação
É terra, tão caprichosa
Onde se afirma a plantação
Milonga é dura de se vergar
Mas amolece no coração
É fio de faca, argola de laço
No aço do estribo, firmeza pra nós
É bala que mata, é lata e cambona
Bombilla pro mate, e um cantar de chorona
Milonga é pedra! Milonga!
Milonga é água! Milonga é ar!
Milonga é pedra! Milonga!
É Terra-mãe! É rio! Milonga é ar!
É fonte de água pura
Regalo pra se beber!
É chuva nessas lonjuras
E o tempo de renascer!
Milonga que molha os tentos
Faz corda nova pro trançador!
Murmúrio de sanga, tirada de freio
Campo encharcado e olho-de-boi
É boa vertente, despeja no lombo
Na calma do rio a enchente se foi!
É ar que se respira!
Espalha vida na imensidão!
“Nos traz” bênção divina
Bem lá de cima até o chão!
Milonga leve que faz voar
Cabelos dela, minha paixão!
É nevoa serena, perfume de flor
Vapor do calor de muitos verões!
É cheiro de pasto depois do aguaceiro
Aquele palheiro, e o fogo de chão!