Romance de Baile
A saudade é potra chucra e quando vem bota de "apá",
O peito véio é um palanque mas é brabo segurar,
Vou lhes contar uma história que comigo aconteceu
Foi num romance de baile que este taura se perdeu.
Quando entrei na sala olhei pro lado ela tava lá,
De vestido novo, flor no cabelo pra me "atentá",
Eu sou caprichoso e tenho uma estampa de gauchão
Faz tempo que ando na estrada buscando dona pra o coração.
Sabe meu compadre, foi bem assim que se "assucedeu",
Foi num "upa e teve" e olho dela firmou no meu,
Pra um dedo de prosa cheguei mais perto e me apresentei,
A prenda era linda, eu pensei comigo me consagrei!
Ela disse moço tu era aquilo que eu mais queria,
Se vê nessa estampa cinquenta quadras de sesmarias,
Eu não disse nada, matei no peito e me fiz de louco,
Depois que firmar o romance, eu conto que tenho pouco. (bis)
Fui buscando a volta, "dançemo" um pouco até que eu falei,
Eu sou peão de estância, ginete bueno, ganho por mês,
Num fundo de campo eu ergo um rancho pra te abrigar,
Tenho um coração cheio de carinho pra te entregar.
Foi ai que eu vi que eu tinha metido mal o cavalo,
Prenda interesseira, era das ligeiras e me deu um pealo,
Me largou de soco, e eu no sufoco meio abobado,
Me agradei da china, e quando percebi, tava apaixonado!
Ela disse moço, tu me desculpa mas to saindo,
Papai é uma fera e pra me buscar sei que já vem vindo,
E me aconselhou que eu nao desse seca pra qualquer um,
Ainda mais quando se trata de um ginetinho comum. (bis)
Assim termina o relato, e este fato me "atrapaia",
Ando meio cabisbaixo, culpa de um rabo de saia,
Sigo firme gineteando e levando a vida curta dos trocos,
Sei que não tem volta, mas de saudade eu to "quaje" loco! (bis)