Depois do Lombo do Pingo
Abre o peito e chama a tropa
Que assoma em seu devaneio
Venha, venha, venha boi
Com assobios pelo meio
Olha por cima do ombro
E banca o pingo no freio
É bem assim que lhe vejo
Porque a razão me permite
Quem já esbarrou no horizonte
Agora tem seu limite
Casou com a lida de campo
E a idade fez o desquite
A se julgar pelos feitos
Quem poderá afinal
Justificar tanta maula
Levantado em pedestal
E um índio cria da estância
Sem nome e ser desigual
Depois do lombo do pingo
O que sobra é quase nada
Uma tapera sem sombra
Quase no fim da estrada
E uma lembrança remota
Chamando bois nas tropeadas
O avestruz não faz mais ninho
Campeando as covas de touro
O cusco não sai pra o campo
Perdeu a sombra do mouro
E a tropa é só uma quimera
Que não tem alma nem couro
Depois do lombo do pingo
O que sobra é quase nada
Uma lembrança remota
Chamando boi nas tropeadas
Venha, venha, venha boi...