No Furo da Bala

Mateus Neves da Fontoura e Raineri Spohr / Rafael Teixeira Chiappetta

Na folga da estância, fui ver a chinoca
Cheguei lá no rancho e gritei pra Miróca
Em frente a cancela, cheguei me passando
E entrei no terreiro, de espora cantando

A mãe da Miróca, qual pata no choco
Quase me atiça, um cusco pitoco
A "véia" cascarra, com cara de "oveia"
Parecia abixada, no tronco da "oreia"

O pai da Miróca, daqueles grongueiro
Inté parecia, um tatu macaiero
Nos olhos do "véio" , morria um cristão
Ficou me bombeando, socando um pilão

Chegou a Miróca, faceira que só
Bonita por dentro, por fora um socó
Cheguei na xirua, fungando o pescoço
E entramos no rancho, fazendo retoço

Levei a Miróca, enrolada no pala
E eu vinha sentindo, o buraco da bala
No ronco da tripa, senti a gastura
E a coisa por feia, perdeu a ternura

O "véio" grongueiro, igual a um cachaço
Batendo a queixada, me erra um balaço
Perdi a Miróca, no meio da sala
E achei a saída, no furo da bala

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