Ó Nóis

Alice Coutinho, Clima, Guilherme Held, Jards Macalé, Marcelo Cabral, Marino Pinto, Nuno Ramos, Peterpan, Zé da Zilda, Frederico Pacheco, Rômulo Fróes

Lá no poente tem cor
Lá cabe um cara melhor
Lá numa ponte sem rio, um tecido sem fio
Uma história de amor

Lá tinha um nome pro amor
Abracadabra ou ninguém
Lá onde um cara cansado, essa chuva na cara
Um cometa também
Olha como ela me vem

No chocalho, na sanfona
No cavaco, no assobio
Vem na risada das aves
Vem no batuque dos bois
Na turbina, no motor
No boteco, minha sombra
Em cada acorde da dor
Em cada minúcia da dor

Mas já passou minha dor
Já que sonhei esse som
Serra da boa esperança, essa velha criança
Onde foi que deixei?

São só meus olhos, mas veem
São meus ouvidos também
Berra na minha memória, um cometa lá fora
Essa fome de alguém
Olha como ela me vem

No chocalho, na sanfona
No cavaco, no assobio
Vem na risada das aves
Vem no batuque dos bois
Na turbina, no motor
No boteco, minha sombra
Em cada acorde da dor
Em cada minúcia da dor

Olha como ela me vem

Pessoa geme, entrega a boca, o beijo, o braço magro, boa noite
Encosta o gosto azul, o desencontro ganha o ar e abre os olhos
Por um minuto quase que desenha um gozo um erro
Um sopro, um nó de noite, treze luas passam devagar

Pessoa desafoga em seu lugar de costas, músculo sem cor
Sem peso do seu lado, a cintura, a nuca, o pelo do nariz
A noite fria espera o seu sonho e morre em forma de degelo
A sombra oca que escorre no lençol

Não era pra você dormir
Não era hora de apagar
Pessoas queriam calor
Um pouco não custava dar
Não era justo despertar
O corpo já não tinha ar
Não era como permitir
Acabar

Nada deu ruim
Tudo ensina
Tudo tem seu bem
Essa mina
Vai me dar o tom
Vai me dar o tom

Pega nada não
Chapa quente
Nave vai na contracorrente
Vida melhorar
Vida melhorar

Uma cicatriz diferente
Numa cara só, a da gente
É o preço menor
Quando for sumir pela massa
Quando fumar, soltar fumaça
É o preço menor
É o preço menor

Pega nada não
Tudo em cima
Você tem razão
Essa mina
Vai me dar o tom
Vai me dar o tom

Pega nada não
Lá na frente
Vai querer rolar
Como a gente
Rola pelo chão
Rola pelo chão

Quebra, vai quebrar a vidraça
Entra, vai subir pela casa
Feito inundação
Bora uma hora na roda
Sobra e se for ela é foda
Vai me dar o tom
Vai me dar o tom

Gesso, caçamba
Segunda, inverno me arranha
Não tô sozinha, se manca
Copo, cachaça
Se vira de lado, ameaça
Se fica de banda, se acha

Não sei porque
O que gosto de você, é você
Nem vem dizer, não embaça, não amola
E nem me cerca assim
Eu vou sem dó, eu tô na merda e tá demais
Me olha e manda

Sopro, pedrada
Descansa tua mão, quase nada
Desvia do assunto, calada
Prata, poeira
Descobre a metade inteira
Não vê que eu não tô pra besteira

Me encara e diz
Que não tem nada errado
Eu quero até o fim
Sem atalho, lado a lado e sem raciocinar
É só assim, não tem mais jeito de voltar
Me olha e manda

Broca, fuligem
Eu filtro, eu nego o deslize
Não sou mais o que eles dizem
Trinco, janela
Me crava essa unha amarela
Despejo e abro pra ela

Desatinar, perder o sono, o passo
E não desamparar
Não joga areia, fecha o bico e
Bota pra fuder
Eu quero tudo e quero tudo de uma vez
Me olha e manda

Música você
Raiva de você
Barulhinho fora de mim
Música eu te quis
Baby infeliz
Mesmo quando tava ruim

Vapor barato
Boia no quarto
Em cima da minha cama
O mesmo barco
A mesma âncora
A mesma lua me chama

Cuido dos insetos
Ando pelo teto
Sopro um sonho dentro de mim
Pele de uma imagem
Quase tatuagem
Lembro, parecia nanquim

Tô na calçada
Será fantasma
Quem sopra um verso ruim?
Psicodélica
Aristotélica
A musa rindo de mim

Olha no meu olho
Ri da minha cara
Negra melodia geral
Canto da sereia
Presa numa teia
Meu casaco de general

Anjo que sobrou
Ex-exterminador
Não quero ficar dando adeus
Feito da matéria
Breve, que já era
Música, quem te esqueceu?

Rio de Janeiro
Sou teu inteiro
A Dutra nunca existiu
Em Madureira
Aldebarã
No som da tumba e da rã

Música que lindo
Calma que eu tô vindo
Cara, eu me sinto só
Abra, volte e veja
Rua Real Grandeza
Vale a pena ser pó

Música, você
Raiva de você
Barulhinho fora de mim

Aos pés da Santa cruz
Você se ajoelhou
E em nome de Jesus
Um grande amor você jurou
Jurou mais não cumpriu
Fingiu e me enganou
Pra mim você mentiu
Pra Deus você pecou

O coração tem razões
Que a própria razão desconhece
Faz promessas e juras
Depois esquece
Seguindo esse princípio
Você também prometeu
Chegou até jurar um grande amor
Mas depois esqueceu

Elza aqui
Me ouve só
Será que o pão dá cólera?
Ou ao contrário
Frente ao otário
Feito um salário
Amar?

Velho menino tá rindo do quê
Joga uma pedra, cê sabe o que vai acontecer
Queima a bandeira fogueira no meio do pau
Abre a fronteira quem viu nunca viu nada igual

Elza diz
Pra ser feliz
O cara tem de esquecer?
De onde vem
Quem lhe fez bem
Seu cão, seu pau
Morrer talvez?

Pau de uma arara que canta na minha cabeça
Será que quer horizonte ou que nunca amanheça
Diga juiz sem balança a minha sentença
Quero mandar essa carta ou cantar sem licença

Caminha depressa sem tocar o chão
Aquele que pensa que ninguém lhe vê
Que nunca ninguém nem ouviu sua voz
A voz que não pesa, não grita, não crê
No hino que canta na sua tv
A boca de um homem escolhido por nós

Pensa ser vidro que não guarda luz
Pra ser esquecido seu rosto comum
Pra ser enterrado sem honras de herói
Rói entres os dentes a sua missão
De ser mais um nome aquele nenhum
Que nunca ninguém nem ouviu sua voz

Pensava ele podia escapar
Sumir na rotina da escuridão
Sem sabedoria nem religião
Mantendo a distância segura do céu
Sem ver a manhã refletida no azul
No espelho quebrado espalhado no chão

Mal sabe ele o futuro é um só
Gravado nas linhas quebradas da mão
Da mãe do seu pai, sua avó, seu irmão
Dorme no tempo esquecido no pó
No aniversário, naquela canção
Que cantam praqueles que não dizem não

Não tem um sol só pra você
Nem a escuridão esconde a luz por você

Ê
Cadê sol
Cadê
Nenhum sol
Cadê

Ê
Cadê luz
Cadê
Não há luz
Não há
Não há
Cadê

Cadê você
Cadê meu bem
Eu assum
Preto assim

Se queres saber
Se eu te amo ainda
Procure entender
A minha mágoa infinda
Olha bem nos meus olhos
Quando eu falo contigo
E vê quanta coisa
Eles dizem que eu não digo

O olhar de quem ama diz
O que o coração não quer
Nunca mais eu serei feliz
Enquanto vida eu tiver

Quando eu vi você ali parada
Na luz do poste em plena madrugada
A mão no rosto os olhos rasos d’água
O peito cheio de cimento e nada

Nada que eu disser
Ela vai ouvir
Nada que eu fizer
Ela vai gostar
Nada vai mudar
Vai

Mesmo assim parei ali na praça
Olhei pro céu orei pra lua vaga
Ofereci o colo e a mão gelada
Falei pra mim o que começa acaba

Tudo vai mudar
Ela vai gostar
Tudo que eu fizer
Ela vai ouvir
Tudo que eu disser
Vai

Ó nóis, bocó
A gente cata palha na grama do jardim
Gagá, gogó
Com a luz do meu destino
Quem disse que eu combino

Quem disse que o dia não vinha
Mentira que a noite chegou
Maloca querida ou miséria, uma estória que eu fiz no pó

Paizão, bocó
Passeio na favela sai na televisão
Anão troló
O bronze de uma estátua, a rima ostentação

Quem disse que o mundo não vinha
Maluco que o samba acabou
O samba alegria que eu fiz ou faria ou faremos nós

Coió, chinfrim
A chuva na sarjeta é tinta da caneta
Doutor, pra mim
Ninguém nunca deu frio conforme o cobertor
Um gozo que a brisa não canta
O dono mandou derrubar
Um anjo sem rosto esse osso, saudosa maloca

Laiá, laiá
Laiá, laiá

Curiosités sur la chanson Ó Nóis de Rômulo Fróes

Qui a composé la chanson “Ó Nóis” de Rômulo Fróes?
La chanson “Ó Nóis” de Rômulo Fróes a été composée par Alice Coutinho, Clima, Guilherme Held, Jards Macalé, Marcelo Cabral, Marino Pinto, Nuno Ramos, Peterpan, Zé da Zilda, Frederico Pacheco, Rômulo Fróes.

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