Nêgo Benguela

Roque Ferreira

Não tenho jeito de enganador
Não sei achar que é malandro e chamar doutor
Não vou andar de sandália
Se eu sei que ela me atrapalha
Só para parecer conservador
Pra eu cantar tem que ter meu tom
Eu não discuto tempero se o gosto é bom
A minha escola é a vida
O resto é conta vencida
Que eu já paguei pois sou pagador

E vamos simbora que agora
É hora de simbolá
Eu não vou ficar de fora
Vendo você sambar
No xaxo do meu xaxado
Xaxando você vai ver
Que eu zanzo pra todo lado
Meu corpo faz tremelê
Corta por fora
Rebola que dá calor
Bota o balaio
Na mão de bom mercador

Cumbuca é uca que não convém
Quem dorme em ponta de esteira
Não dorme bem
Respeite a minha bandeira
Ou livre o pé da rasteira
O meu bará sabe o dom que tem
Quizumba come até ajapá
Não sou quizumba guerreira mas sei brigar
O meu avô foi benguela
E a minha mãe na barrela
Dizia sempre que eu vim de lá

E vamos simbora que agora
É hora de simbolá
Eu não vou ficar de fora
Vendo você sambar
No xaxo do meu xaxado
Xaxando você vai ver
Que eu zanzo pra todo lado
Meu corpo faz tremelê
Corta por fora
Rebola que dá calor
Bota o balaio
Na mão de bom mercador

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