Aperta o Rec

Espião

[Intro]
Aí moleque, aperta o rec
Formato disquete
Põe pra gravar que eu vou mandar meu rap
Em vinil ou CD ou em cassete
No formato MP3 se for pra internet

[Verso 1]
Esse é original, sampleado e legal
Sem direito autoral, som de marginal
Não pago pau pra playboy de canal
De tom viril enquanto os outros passam frio
Vai pra puta que pariu
Conecta aí esse fio do microfone
Que eu tô na fome
Que nem o Rappin' Hood, é tudo no meu nome
Mas sem clone
Sem esses cabeça de cone
Que faz um som, e é até bom, mas depois some
Porque não tem talento para manter o nome
Porque não tem talento de verdade
Depois de algum tempo fica na saudade
Eu corro atrás pra me manter na frente sempre
Longevidade, porque quase ninguém faz caridade
Porque no coração da cidade não tem amor, não tem bondade
Se meu disco não for vender, ninguém promover
O que é que eu vou fazer pra não passar necessidade?
Talvez eu me dê bem e termine atrás das grades
Talvez eu me dê mal, termine a faculdade

[Gancho]
Aí, moleque
Aperta o rec
Aí, moleque
Aperta o rec

[Verso 2]
Aí, moleque
Aperta esse botão
E levanta o dedão
Num sinal de aprovação
Desse som do Espião que vem direto do porão
É um feto numa gestação
Que dura mais de nove meses
Que dá uma contração às vezes
Mas paciência
Mais insistência
É o capitão do esquadrão da resistência
É quando a soma faz a diferença
Rua de Baixo, Espião e Duensssa
Não tem concorrência
A firma é forte e a prova de falência
Tô sem registro, mas eu tenho experiência
Não tenho cargo, mas eu tenho competência
Premeditado e com antecedência
Preparado para a consequência
Encosto a cabeça, fico tranquilo com a consciência
Que nem meu nome, O Granada
Eu sei quem é e quem não é
O que é que pega, o que não pega nada
Aperta o rec

[Gancho]
Aí, moleque
Aperta o rec
Aí, moleque
Aperta o rec

[Verso 3]
Meu som tem peso, não é pagode
Eu sou a trilha da musculação do hip hop
Vem da cabeça e vai pro braço
Tipo penso e faço
Um suicida debruçado no terraço
Tô com a batida dentro do compasso
A rima escrita no papel almaço

Esse é o nó que faz o laço
E deixa esses cabaço no banho de salmoura
Eu mando um som que é uma surra de cabo de vassoura

Aí, eu tenho um estúdio, mas o faço de escritório
As minhas rimas eu mesmo monto no laboratório
Com a química perfeita, sem corante

Só essência na receita
Desde a plantação até a colheita
A safra nova da velha fazenda, entenda
Você só dá mancada com essas rima capenga

Só quer falar o que todo mundo fala
Só quer escrever o que todo mundo escreve
Se o rap fosse ilustre, eu começava uma greve

[Gancho]
Aí, moleque
Aperta o rec
Aí, moleque
Aperta o rec

[Verso 4]
Luz, câmera, ação, claquete
Chama o moleque
Põe pra gravar porque eu já tô no set
Sem maquiagem, sem fantasia
No meu próprio papel, escrevendo poesia
Rimas jogadas ao vento, mas com talento
Com categoria
Tipo primeira classe, mas da nova escola
Aluno dedicado faz a prova, ainda passa cola
Não tem perigo, pode copiar meu estilo
Põe um carbono
É tipo a diferença entre stereo e mono
Tira um xerox
É tipo a diferença entre ferro e inox
Não se compara
O grupo é Rua de Baixo, a banca Rhima Rhara
Não mudou nada, ainda o mesmo Espião
Não pago na porta nem consumação
Eu sei que isso é ridículo, mas tá no meu currículo
Faz parte da carreira
Eu tenho entrada VIP até na feira
Chega de besteira

[Gancho]
Aí, moleque
Aperta o rec
Aí, moleque
Aperta o rec
Aí, moleque
Aperta o rec

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