Sou a Casa

Diogo Clemente

Se quanto mais te aperto
Menos te sinto aqui
Se quanto mais te aparto
És dono dos meus dias
Que sábio ou Deus incerto
No inverno em que te vi
Fez por querer deixar-te
Às minhas mãos vazias
Que sábio ou Deus incerto
No inverno em que te vi
Fez por querer deixar-te
Às minhas mãos vazias

Chegaste-me em segredo
Com tudo p'ra me dar
Levaste por conquista
A minha solidão
Meu bem, não tenhas medo
De quereres em mim morar
Sou a casa, não insistas
Fugir da minha mão
Meu bem, não tenhas medo
De quereres em mim morar
Sou a casa, não insistas
Fugir da minha mão

É que nem vivo eu
E minto às leis da vida
Nem tu fazes morada
Por quereres viver de luas
O amor que hoje se deu
É meia despedida
É meio fim da estrada
Meias saudades tuas
O amor que hoje se deu
É meia despedida
É meio fim da estrada
Meias saudades tuas

E agora contas feitas
Meu amor diz-me onde vais
Ou então não digas nada
Que as dores hão-de bastar
Deixa-as cair desfeitas
São dores, nada de mais
Que ao fim da madrugada
Eu sei hás-de voltar
Deixa-as cair desfeitas
São dores, nada de mais
Que ao fim da madrugada
Eu sei hás-de voltar

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