Viola Apocalíptica

Milton Ediberto

Os frutos da minha vida
Vem chegando um a um
Cada rima cada nota
Em cada canto em comum
Vem chegando e vem de dentro
Na correnteza do verso
No inverso do segredo
Do medo nasce o universo

Se no ponteio seguro
Seguro o braço da viola
Seguro o meu semeio
A ceia da nova era
Dos poucos anos de espera
A última primavera

Os frutos da nova era
Vem chegando um por um
Cada bicho cada fera
Tem a espera em comum
Vem chegando e vem de fora
Já bem em cima da hora
No contratempo do verso
No inverso do segredo
Do medo nasce o universo

Se no ponteio preciso
Preciso colher os figos
Na precisão do relógio
Do coração dos amigos
Seguro do meu semeio
Do meio da correnteza
Eu vou laçando sementes
Para nascer nas batentes
As flores da nova era
Dos poucos anos de espera
A última primavera

O mar vai se rebelar
E vai rolar sobre a serra
Enquanto a boiada berra
Enquanto o vaqueiro erra
Tem sumidouro profundo
E nossa cabeça encerra
Aqui na pele do mundo
Em pleno colo da terra

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