Lisboa que Amanhece

Sérgio Godinho

Cansados vão os corpos para casa
Dos ritmos imitados doutra dança
A noite finge ser
Ainda uma criança de olhos na lua
Com a sua
Cegueira da razão e do desejo

A noite é cega, as sombras de Lisboa
São da cidade branca a escura face
Lisboa é mãe solteira
Amou como se fosse a mais indefesa
Princesa
Que as trevas algum dia coroaram

Não sei se dura sempre esse teu beijo
Ou apenas o que resta desta noite
O vento, enfim, parou
Já mal o vejo
Por sobre o Tejo
E já tudo pode ser
Tudo aquilo que parece
Na Lisboa que amanhece

O Tejo que reflecte o dia à solta
æ noite é prisioneiro dos olhares
Ao Cais dos Miradoiros
Vão chegando dos bares os navegantes
Amantes
Das teias que o amor e o fumo tecem

E o Necas que julgou que era cantora
Que as dádivas da noite são eternas
Mal chega a madrugada
Tem que rapar as pernas para que o dia
Não traia
Dietriches que não foram nem Marlénes

Em sonhos, é sabido, não se morre
Aliás essa é a Única vantagem
De após o vão trabalho
O povo ir de viagem ao sono fundo
Fecundo
Em glórias e terrores e aventuras

E ai de quem acorda estremunhado
Espreitando pela fresta a ver se é dia
E as simples ansiedades
Ditam sentenças friamente ao ouvido
Ruído
Que a noite se acostuma e transfigura

Na Lisboa que amanhece

Curiosités sur la chanson Lisboa que Amanhece de Sérgio Godinho

Sur quels albums la chanson “Lisboa que Amanhece” a-t-elle été lancée par Sérgio Godinho?
Sérgio Godinho a lancé la chanson sur les albums “Na Vida Real” en 1986, “Escritor de Canções” en 1990, “Noites Passadas: o Melhor de Sergio Godinho: ao Vivo” en 1995, “Noites Passadas” en 1995, et “O Irmão do Meio” en 2004.

Chansons les plus populaires [artist_preposition] Sérgio Godinho

Autres artistes de World music