Circo de Cavalinhos
Aquele bonito circo que viajou em todo lugá
De São Paulo a Mato-Grosso, de Goiás ao Paraná
Cortando Minas Gerais no mais distante arraia
Teve seu triste fim do jeito que eu vou contá
Depois de fazer a estréia
No recanto do sertão
No agrado da plateia
Bonita foi a função
Os artistas agradeceram
Ao povo de coração
E foram dormir contentes
Por já terem ganho o pão
Quando foi em alta noite
Clareou-se o picadeiro
Pegou fogo na bancada
Com a chama de um candeeiro
Os artistas da barraca
Fugiram no desespero
Enquanto o fogo rugia
Devorando o circo inteiro
Aqueles pobres artistas
Corriam de déo em déo
Os estalos da fogueira
Acordava o povaréu
Nuvens negras de fumaça
Que formavam um grande véu
A três léguas de distância
Se avermelhou todo o céu
Quando o dia clareou
Da armação consumida
Restava carvão e cinza
Sobre a terra enegrecida
E aqueles pobres artistas
Na miséria sem guarida
Choraram seu triste drama
No picadeiro da vida