Xucra e Forte
Um potro baio galopa no rumo de meu olhar
Mas não tem potros a tropa que inda vejo a caminhar
Quem dera que fosse xucra, quem dera que fosse forte
Mas a força é de quem lucra as custas de vida e morte.
No campo envolto em neblina o boi brasino se esconde
Mas meu peito desatina com ecos de não sei onde
Quem dera fossem debandas, quem dera fossem de sinos
Mas são gritos de quem manda desapropriando destinos.
Em truco e jogo de osso a vida pára o momento
Pois não há água de poço que se agite com esse vento
Quem dera fosse ligeiro, quem dera que fossem novo
Mas vento não tem parceiro e quebra os passos do povo.
Meus olhos de boitatá campeiam vida no escuro
Querendo sempre aluminar o caminho mais seguro
Quem dera que fosse perto, quem dera que fosse claro
Mas eu que rondo liberto, alerto, canto e não paro.
Não há razão que se esconda, não há sonho que suporte
Meus olhos andam em ronda pra saber de vida e morte!